À beira do Rio Douro, na Alfândega do Porto, a tarde soalheira da última quinta feira serviu como pano de fundo ao arranque da segunda edição do Vinho Verde Wine Fest, onde as harmonizações e showcookings partilham destaque com os néctares. Na zona ribeirinha passaram, no primeiro dia, cerca de quatro mil pessoas para pôr à prova os seus conhecimentos sobre um vinho único no mundo.

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Em mais nenhum ponto do planeta são produzidos estes vinhos, construídos exclusivamente a partir das castas autóctones, com leveza e aromas florais intensos. A região do Minho, terra natal deste produto de Denominação de Origem Controlada (DOC), permite a produção de vinhos verdes rosados, brancos, tintos e, ainda, de aguardente e espumante. Esta é, sem dúvida, uma das maiores surpresas para o consumidor comum e uma das questões que pode ser esclarecida durante o festival, junto dos produtores.

Neste primeiro dia foram vários os pontos de destaque: desde uma sessão de harmonização de vinho verde e queijo, comentada por José Domingues, ao showcooking protagonizado pela chef finalista do MasterChef Austrália 2014, Emelia Jackson, que dividiu a bancada com Joana Jardim, a terceira classificada na edição portuguesa do programa.

O futuro visto de copo meio cheio

No recinto – que junta restaurantes, casas de petiscos e trinta produtores vitivinícolas – bebe-se vinho mas também inspiração e visão sobre mercados por explorar, como é o caso de Vítor Oliveira, chef cortador de sua profissão e amante confesso de presunto nacional com qualidade.

Vítor Oliveira é cortador profissional de presunto. Foto:Christopher Alves/Travel&Taste

A arte do corte não é para todos, é mandatório um “investimento enorme em horas” dedicadas à prática para treinar uma mão capaz de cortar uma fatia perfeita desta iguaria. Este é um dos ensinamentos de Vítor Oliveira na sua escola de formação, a Academia de Corte, onde unidades hoteleiras e de restauração procuram aperfeiçoar um ofício pouco valorizado e, ainda, desconhecido do consumidor.

Visão de copo meio cheio é a caraterização perfeita para este profissional da restauração cuja principal preocupação é desfazer os mitos associados ao consumo deste produto. O chef defende que “só sabemos que é salgado, que gostamos mais do espanhol, do preto”, exemplos que ilustram as falhas no sentido crítico em relação à “qualidade que existe em Portugal” por falta de informação.

E, então, o que deve ter em conta na altura de escolher presunto? Em primeiro lugar o chef aconselha que, numa ida ao supermercado, deve “pedir para cortar uma fatia fininha como pedimos para cortar o fiambre” e deixar claro que pretende “uma fatia pequena e não com vinte centímetros de comprimento”. Outro fator a ter em consideração é o tempo de cura da peça – normalmente de seis e nove meses – que, para maior qualidade, deve ser de entre 16 e 40 meses. No entanto, é preciso ter em mente que «o tempo é precioso e isso é um investimento» que se reflete tanto na qualidade como no preço.

Vítor Oliveira realça, também, que a produção nacional do reconhecido Joaquim Arnaud está, para muitos, “ao nível da Cinco Jotas”, tida como “uma das melhores marcas de presunto do mundo”. O empresário português opta pela criação dos porcos em território nacional, mas leva-os a curar à vizinha Espanha num processo inteiramente controlado pelo próprio, numa clara “aposta na qualidade”.

A festa do vinho continua até domingo

O Vinho Verde Wine Fest prolonga-se até domingo, dia 26, com provas comentadas e harmonizações improváveis, como é o caso do vinho verde com tapas, sushi ou, até, chocolate. Na primeira edição, em 2014, o festival contou cerca de 14 mil visitantes, número que a organização espera ultrapassar este ano.

Destaque, ainda, à exportação da produção de vinhos verdes que, em 2014, atingiu mais de 22 milhões de litros, o que corresponde a cerca de 50 milhões de euros. Dos vários países importadores, a Alemanha, Estados Unidos e França são os que mais compram um vinho único no mundo, com origem no Minho.

Consulte o programa completo para mais informações.


Data: até 26 de julho | Local: Alfândega do Porto, Porto | Horário: 12h às 02h (dia 25); 12h às 19h (dia 26) | Preço: 7,50€ (dá direito a copo de prova, oito senhas de degustação, uma de showcooking e outra de prova comentada)