No 130º aniversário da publicação de uma das obras maiores da Literatura Portuguesa, Os Maias, a Fundação Calouste Gulbenkian convida para uma exposição que reúne várias peças do espólio pessoal de Eça de Queiroz. Entre elas, existem peças inéditas nunca antes vistas fora da Casa de Tormes, em Baião, que agora podem ser admiradas no museu lisboeta até fevereiro de 2019.

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Eça e Os Maias – Tudo o que tenho no saco é uma mostra focada na obra literária do escritor português, mas que inclui referências a outros livros publicados e a eventos da vida pessoal de Eça. “Serão mostrados crónicas, romances, contos e muitas cartas, fotografias, pinturas, caricaturas, escultura, gravura, música da época e excertos de filmes, bem como objetos do seu espólio pessoal”, lê-se na página oficial da fundação.

Alguns dos objetos inéditos, emprestados pela Fundação Eça de Queiroz, incluem a secretária utilizada pelo escritor romântico – sempre de pé – para escrever as suas obras ou a cabaia chinesa, uma oferta do Conde de Arnoso. O objetivo, explica a Gulbenkian, é remeter os visitantes para o espaço temporal da produção e publicação d’Os Maias.

Apesar de José Maria d’Eça de Queiroz, na altura radicado em Bristol, Inglaterra, admitir numa carta enviada a Ramalho Ortigão, em 1881, que tinha “o romance praticamente pronto”, foi apenas sete anos mais tarde que o livro chegou às bancas. Seriam cinco mil exemplares que não despertaram muita curiosidade, provocando, inclusive, críticas negativas com as quais o escritor sempre lidou com humor. Com a chegada do século XX, a edição que até aí tinha sido desconsiderada passou a ser vista como um clássico da literatura.

Cinema, debates e jantares queirosianos

Além dos vários núcleos da exposição, a Gulbenkian disponibiliza uma programação complementar com vários eventos de participação gratuita até fevereiro. A sétima arte é um dos eixos desse cartaz cultural que inclui Singularidades de uma Rapariga Loira (28/01, às 18h30), de Manoel de Oliveira, e Os Maias (16/02, às 15h), de João Botelho.

Tal na vida de Eça, Camilo Castelo Branco e tantos outros nomes de relevo nas letras nacionais, haverá ainda uma série de mesas-redondas que apelam à discussão conjunta. São seis conversas e a primeira arranca já esta segunda-feira, dia 10, às 18h:“Os Maias na Geração de 70: o jantar do Hotel Central” vai juntar Guilherme d’Oliveira Martins e Carlos Reis, com direito a exibição de um episódio da série brasileira Os Maias. Pode consultar as restantes sessões aqui.

Numa viagem de regresso ao passado através do palato, o chef Miguel Castro e Silva – responsável pela Cafetaria da Gulbenkian e pelo recente Casario, no Porto – propõem-se a guiar os participantes por entre um menu gastronómico inspirado na época de Eça. As refeições acontecem em quatro datas – o primeiro foi a 5 de dezembro, mas seguem-se dois em janeiro (dias 15 e 22) e outro em fevereiro, no dia 16. O menu inclui sopa, prato de peixe, prato de carne, sobremesa e bebidas por 25 euros por pessoa.