As diferentes esquinas gastronómicas detidas pelo chef Vítor Sobral vão encerrar as portas a partir de 16 de março, como consequência do impacto económico que se tem feito sentir na restauração com o surto de COVID-19. O mesmo caminho deverá seguir, de acordo com informação avançada pelo Boa Cama Boa Mesa, José Avillez, que irá suspender a atividade em quatro restaurantes.

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No caso de Vítor Sobral, em causa estão sete espaços em Lisboa associados às marcas Talho da Esquina, Peixaria da Esquina, Tasca da Esquina, Balcão da Esquina e Padaria da Esquina (com três espaços divididos entre Campo de Ourique, Alvalade e Restelo). Estes deverão continuar abertos durante o fim de semana, mas encerrar as portas a partir de segunda-feira, dia 16, quando entram em vigor as novas medidas restritivas anunciadas pelo Governo esta quinta-feira.

Por outro lado, o Balcão da Esquina, a funcionar no Mercado da Ribeira (que encerra esta sexta-feira), o Expresso adianta que deverá encerrar devido às medidas de contingência, que têm em conta as dimensões dos estabelecimentos, obrigando a uma distância mínima recomendada que, pela natureza do conceito, não é possível assegurar.

“Mais um mês e os restaurantes entram numa situação dramática”, assegura o chef, citado pelo semanário.

No entanto, lembra, é preciso seguir os bons exemplos que vêm de fora para ultrapassar o desafio, referindo-se à China e à forma como as entregas ao domicílio têm ajudado os negócios a manter-se à tona, por um lado, e a continuar a abastecer quem está de quarentena, por outro. “Apesar de termos a porta fechada, vendemos as refeições à porta ou mandamos entregar a casa nos bairros onde cada restaurante ou padaria está inserido”, explica ao Expresso.

Quatro espaços de Avillez encerram

Avillez, de acordo com uma fonte próxima do grupo citada pelo Boa Cama Boa Mesa, tem também sentido os efeitos da pandemia de COVID-19 com sucessivas quebras de receita que, assegura a fonte, situam-se entre os 35% e 40%. Os cancelamentos de reservas e a menor afluência de clientes tem sido o principal problema, que se espera ser agravado à medida que as novas restrições anunciadas pelo Governo entram em vigor.

Assim, e até ao levantamento das imposições, o grupo do chef José Avillez deverá encerrar o Beco, a Cantina Peruana, o Rei da China e o Mini Bar Porto, que abriu portas no final do ano passado. Apesar de não fecharem portas, os restantes restaurantes com assinatura do chef vão sofrer uma redução do horário de funcionamento e no Belcanto a lotação deverá ser limitada a um terço da capacidade.

Ljubomir Stanisic encerra restaurantes devido ao COVID-19

Um setor em alvoroço

A notícia surge depois de, esta quinta-feira, personalidades da cozinha como Ljubomir Stanisic, Alexandre Silva e Rui Paula terem vindo a público apelar a uma união do setor contra a crise gerada pelo COVID-19, mas também a medidas de combate por parte do Governo. Já no sábado, dia 14, o chef Ljubomir informou que iria encerrar os seus dois espaços em Lisboa.

De acordo com as associações do setor, a quebra de receitas na hotelaria pode atingir os 800 milhões de euros e ter consequências para as empresas, mas também para os trabalhadores. Sobre isto, Vítor Sobral lembra que tem a cargo 108 funcionários por quem se sente responsável, não querendo chegar a uma situação em que seja necessário “dizer que não tenho dinheiro para lhe pagar os ordenados”. “Até ao fim do mês, ainda consigo cumprir as minhas obrigações nos pagamentos. Para o mês que vem já não sei”, diz, citado pelo semanário.

O chef Rui Paula foi um dos primeiros da praça a alertar, através do Facebook, que a situação na restauração é preocupante e que “se não forem tomadas medidas drásticas e de rápida implementação, metade dos estabelecimentos hoteleiros/restauração de Portugal fechará as suas portas”. Recorde-se que entretanto, na noite desta quinta-feira, o Governo anunciou um novo pacote de medidas financeiras para ajudar a minimizar o impacto do COVID-19 na economia, nomeadamente através do apoio à tesouraria das empresas e do adiamento do pagamento de alguns impostos.