Lagunitas. A cerveja artesanal da Califórnia vai ser lançada em Portugal

Já há muito que a expressão “a moda da cerveja artesanal” perdeu o sentido quando falamos do mercado português. O caminho da afirmação da produção caseira – que em muitos casos passou a ser profissionalizada – foi sendo percorrido nos últimos cinco anos com sucesso inegável, um percurso onde a paixão pela cultura cervejeira assumiu-se como motor essencial à expressão que o setor hoje tem.

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Abriram-se fábricas, barestap rooms e garrafeiras dedicadas; lançaram-se referências experimentaiscolaborações e não será exagerado dizer que algumas main stream já tomaram conta do paladar dos consumidores. Nasceram associações, eventos e festivais, criou-se espaço nas prateleiras de supermercados e, mais importante, nos hábitos de consumo dos portugueses.

É, aliás, a esta dinâmica – que continuará a crescer – que se deve a chegada de marcas internacionais a Portugal. O caso mais recente é o da Lagunitas, uma das cervejas artesanais norte-americanas mais conhecidas internacionalmente, cujo lançamento em território nacional está agendado para fevereiro. É nesta altura que será apresentada à imprensa pelas mãos da Hoppy House Brewing – foi também a responsável pelo ressurgimento das icónicas marcas conimbricenses Topázio e Onyx, no verão de 2017, agora com produções artesanais.

Foto: Facebook Oficial DR

Da Califórnia para Portugal 

“Tu não fazes realmente cerveja, sabes? Crias circunstâncias para que a cerveja possa acontecer”, defende Tony Magee, fundador da Lagunitas Brewing Company, num vídeo curto sobre a história da marca. O impulsionador da empresa recorda a primeira experiência na produção artesanal, em 1993, que garante ter sido um golpe de “sorte de principiante”.


“Comprei o kit caseiro de cervejeiro, fiz o primeiro lote, cerveja incrível!”, conta. Apesar do sucesso inicial, Magee rapidamente deu de caras com a realidade quando se atirou à produção de um segundo lote: “ficou uma porcaria”. De tentativa em tentativa, com recurso a um fogão de cozinha, acabou por chegar à fórmula certa que permitiu ir fazendo crescer um projeto caseiro até se tornar, depois do virar do século, uma das marcas com maior crescimento nos Estados Unidos.

Em 2011, a Lagunitas já era bebida em 32 dos 50 estados norte-americanos e empregava mais de 90 pessoas. O sucesso acabou por atrair a atenção de uma das maiores marcas de cerveja industrial do mundo, a Heineken, que adquiriu 50% da participação na empresa em 2015. Dois anos depois, a gigante comprou a totalidade da cervejeira e apostou forte na expansão mundial da marca.

Undercover Investigation Shut-Down

Hoje em voga, o storytelling esteve, desde o início, ligado à cultura da cerveja artesanal e a Lagunitas é um exemplo disso mesmo. Há uns anos, a cervejeira lançou um novo rótulo que recuperava uma história com contornos reais, que envolvia ingredientes explosivos para qualquer conto de sucesso: cerveja, canábis e uma operação policial.

Para a compreender é necessário voltar a 2005, altura em que a marca de Tony Magee organizava, regularmente, festas para promover as mais recentes produções na companhia de música e comida. Segundo a Alchool Control Board da Califórnia (ABC) – e confirmado pela marca -, havia nestes eventos quem fumasse erva, algo que terá chamado à atenção das autoridades que iniciaram, durante oito semanas, uma investigação à Lagunitas.​

Reza a história que alguns agentes da ABC infiltraram-se nas festas para investigar os rumores, até que no St. Patrick’s Day decidiram fazer uma rusga às instalações e deter alguns dos responsáveis. “Foi como estar num filme”, conta entre risos Tamara Klamner, uma das pessoas que estava na festa. Resultado: a licença para servir álcool foi suspensa, o problema ultrapassado e hoje, vários anos depois, a Califórnia é um dos estados do país onde o consumo de canábis foi legalizado.

​O tema voltou a ser tocado pela Lagunitas no verão passado com o lançamento de uma cerveja com infusão de marijuana, a Supercritical. Foi produzida em parceria com uma empresa de cigarros eletrónicos, mas não contém THC, a propriedade na cannabis que provoca os efeitos associados à droga leve.