A proximidade com a Tapada Real de Mafra e com o Palácio Nacional, cartão de visita da pequena vila, conferem uma aura especial aos héctares de terra que compõem a Quinta de Sant’Ana. Mas não apenas a distância física – originalmente, a quinta foi um presente do rei D. Luís à famosa atriz Rosa Damasceno, por quem o monarca se tinha apaixonado. É, portanto, um espaço com História e estórias para contar.
Foi precisamente à típica aldeia do Gradil, com as suas casas baixas e brancas pintadas com faixa azul, que fomos para participar no habitual encontro anual da Lisbon Family Vineyards, união das Quinta de Sant’Ana, Quinta da Chocapalha e Quinta do Monte d’Oiro (recorde a visita). São todas da região e, além da paixão comum, partilham o mesmo objetivo: promover os vinhos de Lisboa.
Como uma verdadeira família, o encontro faz-se em torno da mesa, de copo na mão e convívio ao peito. Os pequenos jardins, cantos e recantos de Sant’Ana enchem-se de música e de provas que juntam amigos, produtores e distribuidores numa tarde abençoada pelo sol e refrescada com o vinho. É, aliás, neste campo que surgem novidades como o primeiro espumante produzido pela família de James e Ann, os proprietários da quinta.
Já se contam 25 anos desde que o casal britânico-germânico assumiu o controlo da propriedade, outrora gerido pela família de Ann, filha do Barão Gustav von Fürstenberg. Foram os primeiros em Portugal a plantar Riesling – uma casta branca conhecida pela elegância e sabor distinto – e têm, hoje, uma série de colheitas deste monocasta que produzem há muitos anos. Mas é tempo de inovar e é assim que surge o primeiro espumante Sant’Ana.
Ainda não tem nome, mas já é apresentado à família e amigos com orgulho paternal. É um rosé produzido apenas com Touriga Nacional, a que ainda falta o processo de degorgement – depois das garrafas ficarem em repouso, é criado um depósito de resíduos no gargalo que é necessário remover antes de ser fechada novamente com a rolha. Para isso, retira-se a cápsula (uma espécie de carica que sela provisoriamente a garrafa) e o depósito de uma só vez, um processo complicado que requer perícia quando feito à mão.
De resto, este é um espumante pronto a ser provado. E é aqui, na prova, que se revela uma boa primeira experiência do produtor do Gradil: intenso no nariz, na boca mostra-se equilibrado, dono de uma mousse e camada de bolhas médias.
Para já, ainda não existe previsão de lançamento no mercado ou preço recomendado.