Tradição e inovação em viagem pelo mundo do Vinho do Porto

Renovadas este ano, as caves da Cálem querem aumentar o número de visitas e oferecer uma experiência original com recurso a ferramentas tecnológicas. É a prova de que o envelhecimento não é contrário à inovação.

A zona ribeirinha de Gaia, com o casario colorido do Porto como pano de fundo, é cada vez mais procurada por turistas, principalmente estrangeiros, para conhecerem (e provarem) a história daquele que é um dos vinhos mais internacionais de Portugal, o vinho do Porto. A azáfama é evidente e adensa-se a cada dois metros percorridos na calçada, pelas pausas fotográficas que registam a beleza única do percurso final do Douro, a impressionante Ponte D. Luís e, claro, o magistral Mosteiro da Serra do Pilar.

PUB.

É, no entanto, quando chega o momento de escolher qual das muitas caves visitar que as coisas se complicam. A oferta é muita e, em muitos casos, pouco original – uma breve visita, uma explicação decorada e martelada vezes sem conta, terminando numa prova com as referências mais comuns de cada marca.

Esta terá sido uma das principais razões que levaram a Sogevinus – que detém a Cálem, a Kopke e a Burmester – a investir três milhões de euros na renovação das Caves da Cálem. “Quase duplicámos a nossa cave”, explica-nos Patrícia Neves de Sousa, diretora de marketing da empresa, enquanto nos recebe à entrada do museu.

Além de aumentar a área disponível para visitas, o grupo apostou forte na inovação através da tecnologia com a instalação de painéis digitais com informação, dados e imagens da região do Douro, bem como do vinho do Porto. Mas há mais.

caves cálem gaia

Foto: Travel&Taste

A arte do envelhecimento

Assim que entramos no edifício, ainda na zona de receção, o cérebro confunde-se por momentos sobre que idioma falar – ouve-se muito francês e inglês, essencialmente, mas também algum português do Brasil, comprovando que são, de facto, franceses, ingleses e brasileiros quem mais visita a Cálem.

Novamente orientados, seguimos em direção à primeira sala do museu, um espaço amplo, moderno e recheado de mesas especiais que convidam à descoberta sensorial. É aqui que são feitos os compassos de espera entre cada visita guiada, dando hipótese aos convidados para conhecerem a garrafa mais antiga, datada de 1870, ou a evolução do vinho do Porto em garrafa ao longo dos anos.

Esta é, porventura, uma das mais interessantes zonas da visita. Os frascos que guardam um dos mais nobres néctares de Baco alinham-se, lado a lado, para mostrar como cada estilo de vinho envelhece – conhecem-se os vários tons dourados e avermelhados de cada referência. Mas, tal como numa prova, é essencial sentir os aromas e para isso foi criada uma mesa que convida os visitantes a debruçarem-se sobre ela e adivinharem cada um dos cheiros ali guardados.

​Depois desta sala, onde também é possível conhecer todo o processo de produção do vinho, desde a vinha à garrafa, seguimos caminho para as velhas caves, cheias de histórias por contar entre balseiros e paredes de pedra. É aqui que estão guardadas as barricas, onde agora são projetados dados e informações que ajudam a desvendar alguns dos segredos dos néctares – nesta zona, embora munida de tecnologia, mantém-se o espírito tradicional.

Essa essência do vinho do Porto pode, depois, ser experimentada na enorme sala de provas que obriga, e ainda bem, a subir uma escadaria impressionante (ver as imagens da galeria). As mesas de madeira corridas, acompanhadas por armários carregados de garrafas, está num dos espaços onde é possível fazer uma das várias provas disponíveis: normal (com três referências e por mais 5€ do que o bilhete normal, que custa 10€), com chocolate (20€), com chocolate e queijo (30€) ou a paring sensorial (45€).

Existe, ainda, uma segunda sala com vista para a loja das caves, por um lado, e para o Douro, por outro. O objetivo, garante-nos Célia Lima, responsável pela área do turismo na Sogevinus, é ter “novos sabores e texturas para harmonizar”, mostrando que (quase) tudo é possível com vinho do Porto.


Caves Cálem | Morada: Av. Diogo Leite 344, Vila Nova de Gaia + info