Foram tempos difíceis para quem, em março de 2020, tinha a máquina montada e perfeitamente oleada para lançar mais uma edição do Rock In Rio Lisboa. A pandemia trocou-lhe as voltas e obrigou a uma pausa que ninguém queria. Contudo, apesar do desgaste e do desânimo que por vezes tomou conta da equipa, o evento que marca a abertura de um verão que se espera de muitas festas, abriu as suas portas a semana passada e conseguiu montar o espetáculo que continua a atrair milhares de pessoas ao Parque da Bela Vista em Lisboa. Em conversa com a Travel&Taste, Roberta Medina, responsável pela organização, conta como foi este percurso, do inferno ao céu, mas que teve, em 2022, um final feliz.

PUB.

Depois dos adiamentos em 2020 e 2021, o que significa esta edição para a organização do Rock In Rio (RiR)?

Em 2020, depois do primeiro adiamento, acreditámos que era fazer em 2021 e voltámos à rua em setembro para trabalhar nisso. Entre dezembro e março começámos a perceber que a chance de fazer em 2021 era pequena, mas tínhamos que trabalhar para que fosse possível, e foi emocionalmente muito desgastante. A partir dali, quando decidimos adiar pela segunda vez, quisemos concentrar-nos em recriar e revisitar tudo o que já tínhamos criado para a edição de 2020, em como fazer o evento ser ainda melhor, como ter mais brincadeiras, mais interação, mais representatividade da população portuguesa. O resultado é o que temos agora, em 2022. Temos alinhamentos de gaming, de influenciadores, de chefs, de música, e essa foi a nossa jornada, olhando para a bênção de ter futuro, porque tanta gente ficou pelo caminho, com empresas fechadas, empregos perdidos…concentrámo-nos em honrar o futuro.

E notam que as pessoas estavam com muita vontade de voltar aos eventos?

Sem dúvida. As pessoas começaram a ficar com mais volume em termos de confiança quando a máscara deixou de ser obrigatória. Depois destes anos de incerteza, é absolutamente compreensível. O que vimos muito no primeiro fim-de-semana foi falar em reencontro, em alegria, e eu acho que a única palavra que consigo resumir o primeiro fim-de-semana é amor. Foi uma energia tão boa, as pessoas estavam tão felizes de poderem estar juntas. Foi muito bonito.

Foto: Fernando Fernandes / Travel&Taste

Estamos a meio da edição, que balanço faz do primeiro fim-de-semana, e quais as expectativas para este que já tem o domingo esgotado?

O balanço de que valeu a pena, de que é um privilégio no sentido de que somos privilegiados por poder estar a proporcionar esta festa, de estar a pôr o mercado a mexer novamente. O nosso desejo é que o Rock In Rio possa estar aqui o início de um verão feliz, de vibração, de saúde. Então valeu a pena, e é muito importante, não só porque os portugueses são muito fãs de música e de entretenimento, mas porque também alimenta uma das nossas principais indústrias que é o turismo.

Em termos de alinhamento e de patrocinadores sentiram alguma dificuldade acrescida para esta edição?

Não, pelo contrário. As marcas estavam muito sedentas de estar perto do público, de conversar com as pessoas e, na verdade, só aumentou a procura das marcas. Antes da pandemia havia muitas oportunidades de contacto com o público presencialmente. Esse contacto foi restrito e as marcas precisam de estar perto das pessoas, e acho que um projeto sólido, que acontece no início do verão, também beneficia com isso.

Foto: Fernando Fernandes / Travel&Taste

A edição de 2024 já está em marcha?

Sim, enquanto fazemos uma edição já estamos a avaliar o que podia ser melhor, que novas ideias podem surgir, e começamos as conversas com os patrocinadores. Mas o foco agora é entregar mais um fim-de-semana feliz, que as pessoas saiam de lá com o coração cheio, e depois começamos a trabalhar a sério para 2024.

Os números são satisfatórios?

Sim, estamos muito felizes. Não tivesse a máscara caído tão tarde e os números teriam sido ainda melhores. A procura do segundo fim-de-semana está muito boa e vamos ficar com números muito semelhantes aos da última edição, antes da pandemia.