Castelo Rodrigo. Uma aldeia medieval que mantém a essência

São tantos os argumentos para uma visita a esta pequena localidade no distrito da Guarda que não seria possível enumerar em meia dúzia de linhas. O melhor mesmo é por-se a caminho.​

Faz parte da rede de Aldeias Históricas e é, sem dúvida, uma das mais belas da região. As suas origens remontam à época medieval, mas a sua história percorreu séculos, que lhe trouxeram muitas outras influências. Hoje, Castelo Rodrigo apresenta-se orgulhosa das suas raízes e é um exemplo da preservação do património que acolhe. A visita é, também por isso, obrigatória.

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Mas não é apenas o património que merece a visita em Castelo Rodrigo. A gastronomia, o vinho ou os produtos regionais, são atrativo mais do que suficiente para prender a atenção dos mais distraídos. Exemplo disso são as famosas amêndoas de André Carnet, um francês que se apaixonou por uma portuguesa e por Portugal, e, mais recentemente, o vinho Pinking – único no mundo –, lançado há pouco mais de um mês.

História e tradição judaica

O castelo será, provavelmente, o maior atrativo na visita à aldeia de Castelo Rodrigo. As suas origens documentadas remontam ao século XI, mas acredita-se que é ainda mais antigo, com existência provável dois séculos antes.

A aldeia reside dentro de muralhas, numa cintura que em tempos foi rodeada por 13 torreões, com casas que chamam a atenção pela sua diversidade temporal. Há habitações de influência árabe, a par de outras de traços manuelinos. Vale, por isso, a pena percorrer com calma as ruas empedradas e apreciar toda a envolvente.

De caminho passe pela cisterna medieval que, acredita-se, poderá ter sido uma antiga sinagoga, na qual se usava uma das partes para o culto e a outra para os banhos litúrgicos.

Se tiver tempo, porque não ficar um bocadinho à conversa com alguns dos habitantes locais? Há sempre histórias interessantes a descobrir, lendas que se contam, e curiosidades divertidas a reter.

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Foto: Aldeias Históricas de Portugal

Região de produtos únicos

As amêndoas caramelizadas de André Carnet são, de facto, um produto único na região de Castelo Rodrigo. O francês, ex-engenheiro agrónomo e licenciado em economia, que descobriu a aldeia há 40 anos e que, após a reforma, ali assentou arraiais, viu naquele fruto seco a solução para desafiar o tempo.

As muitas variedades de amêndoas (doces, com canela, flor de sal, especiarias, café, alfazema, fumadas ou com ervas aromáticas) que hoje comercializa na sua loja, Sabores do Castelo – que é também um salão de chá com um cenário onde vale a pena passar algum tempo -, foram criadas a partir de receitas sobre as quais não revela o segredo. Mas convida a provar. Nós fizemo-lo e recomendamos.

A não perder também é o novo ícone da região – o vinho Pinking -, um branco que parece um rosé, não por engano do enólogo, mas por ‘defeito’ da casta. Sim, é verdade. A casta Síria, portuguesa e muito usada nos néctares da Região Demarcada da Beira Interior – e especificamente na sub-região de Castelo Rodrigo -, parecia ter um problema porque mudava de cor.

Afinal, feitos alguns estudos, os enólogos da região perceberam que se tratava de um fenómeno natural que ‘pintava’ as uvas brancas de rosa, e que dava origem a vinho cor de salmão. Do ‘erro’ da natureza nasceu o Pinking, único no mundo pela sua coloração, produzido pela Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo.