O charme e a história vivem juntos em Belém

Embora Belém esteja na ordem do dia, hoje não falamos do palácio onde vive o comandante das Forças Armadas Portuguesas. Falamos, sim, do Palácio do Governador onde residiu o responsável pela Torre de Belém e onde agora está integrado um novo hotel do grupo NAU Hotels & Resorts.

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Este “agora” podia ser facilmente substituído por um “finalmente”. O edifício começou a protagonizar projetos de recuperação e adaptação no início dos anos 2000, ainda pelas mãos do anterior proprietário, o grupo CS Hotéis do empresário Carlos Saraiva. No início das obras de reconstrução, os arquitetos foram surpreendidos por uma vasta coleção de vestígios romanos, entre eles parte de uma fábrica onde era produzido um condimento à base de vísceras de peixe. Este foi o primeiro entrave à continuidade das obras que seriam interrompidas, anos mais tarde, pela falência do grupo de Carlos Saraiva.

Atolado em 1,2 mil milhões de euros em dívida – 90% desse valor concentrado na banca -, o grupo acabou por “fechar acordo (…) para a recuperação de ativos imobiliários turísticos” em fevereiro de 2013, como noticiava o Jornal de Negócios na altura. O fundo de capital de risco ECS Capital ficou encarregue da recuperação das unidades hoteleiras, criando, para isso, a nova marca NAU que viria a terminar o projeto daquele que foi o primeiro hotel do empresário português.

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Azulejos recuperados durante a renovação. Foto: NAU Hotels

Cinco milhões de euros e 14 anos depois

Volvidos quase 15 anos desde o projeto original, o Palácio do Governador da Torre de Belém ganha uma nova vida e 60 novos quartos ansiosos por acolher visitantes. O jovem grupo NAU – com quase um ano de existência – estreia, assim, a alma de um edifício que remonta a meados do século XVIII e emana história e charme.

Jorge Cruz Pinto e Maria Cristina Mantas são a dupla dinâmica por detrás do complexo trabalho de recuperação e adaptação, respeitando a traça original e preservando os vestígios históricos encontrados durante o processo. Foram descobertas cetárias romanas e um grande “puzzle” de azulejos com centenas de anos que agora integram o espaço e fazem dele um autêntico hotel-museu. Só nos azulejos foram empregues quatro meses, tempo para os recuperar e organizar.

Esta dimensão cultural leva Pedro de Almeida, presidente do grupo, a considerar que “isso [os aspetos culturais] dá-nos uma alma diferente”, alimentando a ideia de que “neste hotel sente-se Portugal”.

As ruínas da fábrica romana figuram na entrada do Palácio do Governador, protegidas por vidro, como convite ao que se pode encontrar no interior. Pelos corredores do hotel encontrámos, durante a visita, 60 quartos com carácter diferente e pormenores que alimentam a paixão pela cultura. De todos os quartos e suites, vale a pena destacar a Suite do Governador com vista privilegiada para a Torre de Belém e uma cama digna de casa real, ou o quarto com varanda interior para a antiga capela do edifício.

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Foto: NAU Hotels

Charme, gastronomia e luxo

Se é verdade que os azulejos e paredes romanas lhe conferem um charme único, também o é que a alta cozinha alimenta a vista e aquece o estômago. Encarregue desta tarefa está o jovem chef André Lança Cordeiro, com experiência em Paris e na Suíça, que pretende dar a conhecer uma cozinha requintada de “sabores autênticos baseados na cozinha portuguesa” à mesa do restaurante Ânfora.

Como não podia deixar de ser, o descanso e o luxo não foram deixados de parte e são oferecidos através de um spa com 1200 m2, uma piscina interior de 25 metros, salas de massagens e ginásio. Do lado de fora encontra-se ainda a piscina que serve o pátio do hotel virado para o rio.

O Palácio do Governador está em soft opening desde 20 de outubro, abrindo ao público a partir de 20 de novembro.


Palácio do Governador | Morada: Av. Torre de Belém, Lisboa | + info