Alcobaça, uma cidade além do mosteiro

O Mosteiro de Alcobaça é o seu cartão de visita, mas esta bonita cidade encerra outros locais de interesse e beleza. Parta à sua descoberta!

Torna-se impossível dissociar a urbe da imponente mole de pedra do Convento de Santa Maria, a maior igreja de Portugal – ou, como é mais conhecido atualmente, Mosteiro de Alcobaça. No entanto, embora seja uma construção muito antiga, a verdade é que já antes da sua existência Alcobaça tinha um papel importante e era objeto de “cobiça” para vários povos.

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A área foi habitada pelos Romanos, mas o nome ficou-lhe dos Árabes. Na altura da reconquista, por incrível que possa parecer, a cidade tinha acesso ao mar graças a um grande lago, o que permitia que muitos dos produtos produzidos na sua região fossem transportados por barcos. A história do mosteiro está intimamente ligada à conquista da cidade de Santarém, em 1147, já que para comemorar tal facto D. Afonso Henriques prometeu oferecer uma grande igreja aos monges da Ordem de Cister. Começou a ser edificado em 1178 e a sagração da igreja ocorreu em 1252, mas o conjunto arquitetónico foi sofrendo ampliações ao longo dos tempos, algumas das quais feitas ainda no início do século XIX. Desta forma se justifica a proliferação de estilos arquitectónicos, com misturas de românico, barroco e gótico.

Rico por dentro e por fora

É pelo mosteiro que deve começar a sua visita. A igreja, com três naves, mede 106 metros de comprimento, 17,22 metros de largura e 19,8 metros de altura. Marcada pelo seu aspeto algo austero, é por muitos considerada a mais pura e majestosa das igrejas cistercienses de toda a Europa, encerrando no seu interior algumas obras primas da escultura portuguesa, como os túmulos de D. Inês de Castro e de D. Pedro e a composição da morte de S. Bernardo.

O túmulo de D. Inês de Castro, junto ao de D. Pedro, é uma peça artística sem igual em Portugal. Foto: DGPC

Depois de um olhar atento sobre a igreja, entre então no mosteiro pela Sala dos Reis, cujas paredes estão decoradas com belos azulejos do século XVIII, que recordam a fundação deste edifício, e com as estátuas de alguns dos monarcas portugueses. Observe em seguida a beleza do claustro de D. Dinis, também conhecido por Claustro do Silêncio, que foi encomendado por este rei em 1308. Siga depois para o refeitório e para a cozinha. Nesta última, uma imponente chaminé, onde era possível assarem-se dois bois inteiros ao mesmo tempo, domina todo o ambiente, ladeada por lavatórios de grandes dimensões. A Casa do Capítulo, onde os monges elegiam o abade e discutiam assuntos do mosteiro é outro pólo de atração, assim como o dormitório.

Outros locais de interesse

Terminada a visita ao Mosteiro de Alcobaça, é tempo de conhecer melhor a cidade. Na Praça de 25 de Abril, mesmo em frente à abadia, admire o bonito pelourinho e a fachada de algumas das construções. Se deseja comprar as típicas cerâmicas, esta zona é a ideal para o fazer. Siga depois para a Praça D. Afonso Henriques, atravesse a porta antiga e está na Praça da República.

O destino seguinte é a Capela de Nossa Senhora da Conceição e a Igreja da Misericórdia, esta com um belo portal renascentista e painéis de azulejos do século XVII. De regresso ao carro, rume até às ruínas do Castelo, o melhor local para observar o mosteiro em todo o seu esplendor. De facto, a vista daqui vale bem a pena. A zona do Palácio da Justiça e dos Paços do Concelho é muito agradável e convida a um relaxante passeio pelo jardim municipal.

Foto: Câmara Municipal de Alcobaça

O que não deve também deixar de conhecer é o Museu do Vinho e a Casa Museu de Vieira Natividade. E se aprecia cristais, não perca uma visita à fábrica dos mesmos, a Atlantis. Fica fora da cidade, no caminho para a Nazaré, e aqui poderá descobrir num pequeno museu as origens do vidro e as técnicas usadas para trabalhar o mesmo, assim como comprar algumas peças conforme os gostos e a bolsa de cada um.

Artesanato e gastronomia

Diz a canção que “quem passa por Alcobaça não passa sem lá voltar”, o que em muito se deve à sua gastronomia. Entre os pratos mais típicos o destaque vai para o Frango na Púcara, mas se aprecia doces então, deleite-se com as Delícias de Frei João ou o Pudim de Ovos do Convento de Alcobaça. Em matéria de artesanato, há que destacar as peças de cutelaria, os trabalhos de cerâmica e verga e as tapeçarias. Os cristais de Alcobaça são também afamados.

Uma história de amor

D. Pedro e D. Inês de Castro foram os protagonistas da que é por muitos considerada a mais bela história de amor portuguesa. Razões de Estado obrigaram D. Pedro a casar com D. Constança, mas ele viria a apaixonar-se perdidamente por uma das damas de honor da Infanta de Castela. Depois de a esposa falecer, D. Pedro viu concretizado o seu desejo de viver com a mulher que amava, mas D. Afonso IV, considerando que ela e a sua família eram uma ameaça para a corte nacional, mandou assassiná-la.

Depois da morte do pai, D. Pedro vingou-se dos dois assassinos da amada e ordenou que lhes arrancassem o coração. Afirmando ter sido casado com D. Inês, exigiu que o seu corpo fosse exumado e coroado e obrigou a corte a ajoelhar-se perante ela e a beijar-lhe a mão. Antes de morrer, o monarca ordenou que a sua estátua ficasse voltada para a de D. Inês, de forma a que fosse a primeira imagem a ter no Juízo Final. O seu desejo realizou-se e os restos mortais deste par romântico encontram-se no Mosteiro de Alcobaça um em cada nave, mas voltados de frente um para o outro.

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