Labirinto Lisboa: Um caminho para o terror

Foi na década de 70 que começou a surgir uma atração que ‘metia os cabelos em pé’ a quem experienciasse: as casas do horror. Em Portugal, a casa espanhola “Passagem do Terror” chamou milhares à tão famosa Feira Popular e foi aí que Ricardo Rodrigues pensou: “um dia, vou criar uma casa de horror portuguesa”. E de português não tem só o nome mas também o conteúdo.

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O espetáculo normal, que está em ‘palco’ há mais de dois meses, não é só assustador mas também lúdico. “Sempre fui muito apaixonado pela história de Portugal e tentei incorporar alguns episódios marcantes na experiência”, explica. Desde a aparição do Cardeal D. Henrique à Inquisição, passando pela lenda de D. Sebastião e, claro, as histórias terríveis e verídicas do séc. XIX como a da conhecida Luísa de Jesus, assassina de bebés.

“Não é preciso ser fã de terror nem fã de emoções fortes para nos divertirmos no Labirinto”, explica o criador. São quase 20 minutos que fazem com que nos agarremos à vida e que enfrentemos os nossos medos e receios. Estamos, literalmente, “dentro de uma história de terror, não apenas a vê-la como observadores, mas a senti-la e a vivê-la como personagens”.

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Foto: Labirinto Lisboa

O fundo verdadeiro das lendas, mitos e histórias que Ricardo Rodrigues aprecia e utiliza no espetáculo lembra-nos da nossa História, de momentos que tentamos esquecer “pois somos um país de brandos costumes e tentamos pôr para trás o que de mal aconteceu nas linhas da nossa história”. Tornar a ficção realidade não é só empolgante mas também didático.

“As pessoas, antes de entrarem, mentalizam-se de que o que está lá dentro é um cenário e que os monstros são atores. Mas dão o primeiro passo e sentem a realidade”

No Labirinto Lisboa, o terror dá primazia ao psicológico em detrimento do horror físico. “Dá-me gozo entrar na mente das pessoas e antever o que elas vão sentir e de que maneira vão reagir a determinada situação dentro do Labirinto”. Há quem reaja com a ansiedade e pânico, quem não consiga parar o riso nervoso, quem fique paralisado e até quem se divirta imenso e não ache a experiência assustadora. “As pessoas, antes de entrarem, mentalizam-se de que o que está lá dentro é um cenário e que os monstros são atores. Mas dão o primeiro passo e sentem a realidade”, afirma o criador.

O Labirinto Lisboa conta com já mais de 8 mil visitas e nas paredes encontramos 280 assinaturas: as desistências. Pessoas que não conseguiram levar a experiência até ao fim e que tiveram que sair antes do final. Trata-se de um teatro reativo, cujos atores invadem a zona de conforto dos visitantes, tocam – sem fazer mal, claro – e entram na mente de quem assiste com o intuito de transformar a fantasia numa realidade.

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Foto: Labirinto Lisboa

Ricardo Rodrigues cria não só as histórias e os guiões, mas os cenários, as luzes, dá as diretrizes aos atores e passa noites a fio a melhorar, dia após dia, o espaço do Labirinto. “É preciso vermos que as casas do horror são verdadeiros ímans para energias. Já aconteceu bonecos do cenário aparecerem virados ao contrário, como vozes a soarem e não sabemos de onde vêm”. O importante é reagir com naturalidade e, principalmente, “respeitar aquilo que não conhecemos muito bem.”

Uma casa de terror é “um bolo, feito por camadas”. Uma construção que nunca acaba e está sempre em continuidade, a crescer e a evoluir.

Até domingo, podemos assistir ao espetáculo de Halloween (conheça as nossas sugestões), especialmente criado para esta altura do ano e que é completamente diferente do outro: a história de uma família que… Não podemos revelar mais! Está curioso e quer viver o Halloween de forma diferente este ano? Visite o Labirinto e experimente o que é viver o terror do outro lado.


Labirinto Lisboa | Morada: Rua Instituto Industrial 6, Lisboa | Preço: a partir de 15€ (espetáculo normal) + info