“Para impedir que novos casos entrem no nosso país, vou suspender todas as viagens da Europa para os Estados Unidos (EUA) pelos próximos 30 dias”, informou Donald Trump durante um discurso a partir da Casa Branca, esta quarta-feira. O objetivo, explicou, é conter a propagação do COVID-19, entretanto declarado oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como pandemia. As medidas aplicam-se já a partir da meia-noite de sexta-feira.
Ao longo da comunicação ao país, o presidente norte-americano aproveitou para criticar a atuação da União Europeia em relação ao novo coronavírus, defendendo que “falhou e não tomou precauções”, nomeadamente “restringindo viagens da China e outros locais com focos relevantes”. Trump chegou mesmo a dizer que a origem dos mais de 1300 casos de COVID-19 nos Estados Unidos deve-se à propagação via Europa, justificando, assim, as restrições agora impostas.
Reino Unido é exceção
As medidas anunciadas pelo Governo dos Estados Unidos aplicam-se aos 26 países que compõem o Espaço Schengen, deixando de fora países como o Reino Unido e a Irlanda, cujas ligações aéreas com os EUA devem manter-se inalteradas. Entretanto, já depois do discurso de Donald Trump, as autoridades de Segurança Interna do país vieram esclarecer que as restrições seriam apenas aplicadas a estrangeiros que tivessem estado na Europa 14 dias antes da chegada a território norte-americano.
Além das viagens com de e para o Reino Unido, também os cidadãos norte-americanos que residam no continente europeu ou que ali tenham familiares estão excluídos das medidas que o presidente considerou “fortes, mas necessárias”.
Apesar de inicialmente ter dito que a suspensão das viagens entre a Europa e os EUA se aplicaria também às mercadorias, Trump recorreu ao Twitter para dar um passo atrás e dizer que “as restrições aplicam-se às pessoas e não aos bens”.
Hoping to get the payroll tax cut approved by both Republicans and Democrats, and please remember, very important for all countries & businesses to know that trade will in no way be affected by the 30-day restriction on travel from Europe. The restriction stops people not goods.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 12, 2020
Pandemia declarada pela OMS
Esta quarta-feira, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, presidiu a conferência de imprensa que muitos profissionais de saúde aguardavam há algum tempo e declarou que o COVID-19 é, oficialmente, considerado uma pandemia mundial. A declaração, disse, surge no sentido de “alertar” as pessoas para a gravidade da situação que já se espalhou por mais de 114 países, contagiando 118 mil pessoas e originando mais de 4500 mortes.
O responsável explicou ainda que é esperado um crescimento do número de infetados e mortos pelo COVID-19, pelo que “a contenção tem de continuar a ser o pilar mais forte” na batalha contra o novo coronavírus. “Estamos profundamente preocupados com os níveis preocupantes de disseminação e de inação”, declarou Ghebreyesus.
Recorde-se que, em Portugal, vários municípios – incluindo Lisboa e Porto – decretaram o encerramento de espaços culturais como museus, teatros, cinemas e outros equipamentos municipais até, pelo menos, 3 de abril como forma de evitar a propagação. O mesmo está a verificar-se com eventos privados, originando uma vaga de cancelamentos e adiamentos.
A nível internacional, as viagens de e para Itália também foram suspensas até 8 de abril, estando as diferentes companhias aéreas a permitir o reagendamento de viagens sem penalizações.