Torres Vedras integra a lista dos bons exemplos nacionais no que diz respeito à sustentabilidade como destino turístico, provando-o com a conquista de uma nova distinção internacional. O Projeto de Valorização do Castro do Zambujal foi o case studie que permitiu o reconhecimento.
O segundo lugar na categoria “Best of Communities & Culture”, nos Green Destinations Awards, foi revelado no passado dia 4 através de via digital devido ao adiamento da ITB Berlim, pelo risco de propagação do novo coronavírus. A cerimónia decorrerá depois do verão, em outubro, durante a conferência anual da Green Destinations, na Turquia. A vitória do galardão, que faz parte da competição que reconhece os destinos mais sustentáveis do mundo, foi conquistada pelo Condado de Douglas, na Austrália.
A distinção agora revelada surge após o município do Oeste, limitado por cerca de 20 quilómetros de costa marítima, ter sido considerado um dos 100 destinos mais sustentáveis do planeta pela mesma organização, em outubro de 2019. Os premiados na competição tiveram, depois, oportunidade para apresentar candidaturas e exemplos de boas práticas em sete categorias, analisadas por um painel de júri.
Castro do Zambujal: uma história com 5000 anos
Descoberto pelo investigador torriense Leonel Trindade, em 1932, o sítio do Castro do Zambujal é considerado “um dos mais complexos povoados fortificados pré-históricos existentes na Península Ibérica”, cuja história remonta ao terceiro milénio antes de Cristo (a.C.). Foi ali, num território com características naturais únicas, que mercadores egeus decidiram instalar-se para “extração e comercialização de minerais destinados ao abastecimento dos centros metalúrgicos do Mediterrânico Ocidental”, explica Marta Fortuna.
A responsável pela área do turismo em Torres Vedras acrescenta que a escolha daquele povoado Calcolítico terá sido feita pela existência de matéria-prima para a construção da fortaleza, mas igualmente pela possibilidade de defesa oferecida pelas escarpas naturais e ainda pela proximidade ao rio, que serviria como via de comercialização. Seria assim que, diz, os habitantes do Castro do Zambujal se dedicariam à “prospeção, mineração e metalurgia do cobre”, que tinha como destino toda a Europa.
Projeto de valorização
Preservar a história e a herança cultural da região foi um dos grandes objetivos da Câmara Municipal de Torres Vedras no projeto que desenvolveu no povoado pré-histórico, considerado Monumento Nacional desde 1946. O plano de intervenção, apoiado por fundos europeus do FEDER, dividiu-se em três componentes: a conservação e restauro, estabilizando e protegendo as estruturas arquitetónicas do sítio; a criação de acessos e infraestruturas que possibilitassem a visita turística; e o desenvolvimento de toda a museografia, física e digital, associada.
Os trabalhos de conservação e restauro tiveram início em setembro de 2017, culminando na sua inauguração, a 1 de dezembro de 2018. No total, a obra custou 350 mil euros, dos quais mais de 297 mil foram comparticipados pela União Europeia.
Foi este projeto de valorização que valeu, no início de março, o segundo lugar conquistado pelo município português na categoria “Best of Communities & Culture”, dos prémios atribuídos pela Green Destinations. Torres Vedras reforça, assim, a intenção de se tornar cada vez mais num destino turístico reconhecido pela sustentabilidade.